Thursday, 24 January 2013

Beira do Canal

Eu lembro de um tempo,
Onde agente sentava na beira do canal
Conversava por horas e horas
Tudo era tao normal
O tempo passava devagar
Sem pressa de chegar
Sobre besteiras, sobre um futuro distante
Que hoje e parte do meu presente
Tudo passou, inclusive muita gente
Gente que dividia as mesmas incertezas
Gente que se contentava com tao pouco
A felicidade se tirava da tristeza
Eram tantas vidas
Tantos destinos em comum
Tantos sonhos
Tantas esperancas
Tudo um dias vai melhorar
Hoje eu me pergunto: O que e melhorar?
A vida tem um fluxo, um flow
muitas vezes dificil de seguir
Uns cursos, umas quebradas e caidas
Que vao por ai, nos fazem chorar e rir
Eu lembro de um tempo
onde o canal era tudo que eu sabia
Onde o canal era meu mundo
O mundo que eu vivia
Hoje meu mundo cresceu
Minha visao se expandiu
Tempo parece que enlouqueceu
Tudo gira tao rapido
Ninguem tem tempo pra conversar
As besteiras que conversavamos
Hoje em dias sao coisas do passado
Um passado que parece tao distante
Que hoje faz parte do meu presente
E que a cada dia desaparece com a proximidade do futuro
Nada e normal nesses dias
Nada e banal
Tudo gira em torno da media
Tudo e tao rapido
Chega a me fazer mal
Eu olho pro passado
Penso nas coisas que eu queria
Chamava de progresso tudo que eu nao tinha
Hoje quando eu olho pra tras
Sinto que perdi minha identidade
Sinto que nao sou mais aquele da beira do canal
Sinto que ha muito mais desigualdade
O mundo diminuiu
O passo acelerou
O canal e so um pensamento, uma lembranca
Uma coisa que aos poucos vai ficando pra tras
Mas quem eu sou?
Isso eu ja nem sei mais...

Renato Oliveira

No comments:

Post a Comment